A displasia da valva tricúspide em cães está relacionada a problemas de malformações congênitas envolvidas com os aparatos da valva tricúspide.
Isso pode ocorrer por uma série de questões, todas elas relacionadas à formação das estruturas cardíacas.
Quando a condição se estabelece pode evoluir até que provoque um quadro grave de insuficiência cardíaca.
Sendo essa uma condição complexa, é necessário compreender ela de maneira profunda para poder ajudar os animais.
Então, se você está interessado em saber mais sobre a displasia tricúspide em cães, continue lendo este texto até o final.
Displasia tricúspide em cães: entenda a anatomia cardíaca
Cão doente deitado no chão – Foto: Freepik
Antes de começar a falar especificamente sobre a displasia tricúspide em cães, é fundamental conseguir compreender a anatomia cardíaca da espécie.
Basicamente, o coração de um cachorro é estruturalmente semelhante ao órgão humano. O principal órgão do sistema circulatório é composto por quatro cavidades, sendo dois átrios e dois ventrículos.
A circulação acontece com o sangue entrando pelo átrio direito, passando para o ventrículo direito e, sendo bombeado aos pulmões para ser oxigenado.
Dos pulmões, o sangue retorna para o coração, dessa vez entrando pelo átrio esquerdo, passando pelo ventrículo esquerdo e, posteriormente sendo distribuído para todo o corpo por meio da artéria Aorta.
O coração é considerado um sistema de vasos modificados, que possui uma musculatura forte, capaz de realizar o bombeamento do sangue para o corpo todo.
Tudo isso é possível porque o coração realiza movimentos completamente coordenados de contração, ou sístole e, dilatação ou diástole.
Em um cão de aproximadamente 20 quilos de massa corporal, o volume de sangue bombeado durante a sístole é de 11 ml.
Falando assim parece uma quantidade pequena, mas ao final de um dia inteiro, isso significa mais ou menos 1,5 toneladas de sangue bombeados.
Mas o que mais importa aqui é saber que entre átrios e ventrículos existem duas valvas, além das valvas que se localizam na saída dos ventrículos.
Para facilitar a compreensão, pode-se dizer que essas valvas funcionam como portas que estão presentes no coração e servem para isolar uma câmara da outra ou, as câmaras dos vasos sanguíneos.
Essas valvas são fundamentais para que o sangue circule no interior do órgão seguindo sempre o sentido adequado.
Dessa maneira, quando o coração de um cão funciona adequadamente, as valvas atrioventriculares se abrem, de modo que o sangue pode passar diretamente do átrio para o interior dos ventrículos.
Então, quando isso acontece, as valvas precisam se fechar, evitando que haja o refluxo do sangue para os átrios. Isso reduziria em muito a eficiência do coração em bombear o sangue para os pulmões e o restante do corpo.
O que ocorre quando há uma doença valvar degenerativa?
Como você viu até aqui, as valvas são fundamentais para que o fluxo sanguíneo se dê de maneira adequada.
E nos casos nos quais uma doença valvar degenerativa se estabelece, o processo de circulação sanguínea acaba bastante prejudicado.
O mais comum é que a doença se manifeste na valva mitral, ou bicúspide, que separa o átrio do ventrículo direito.
No entanto, isso pode acontecer também na valva do lado direito, como é o caso da displasia tricúspide em cães.
Uma cardiopatia valvar acontece sempre que o tecido conjuntivo que compõe as valvas acaba se deteriorando.
As valvas apresentarão falhas no seu fechamento caso se tornem mais espessas, encolhidas ou distorcidas, por exemplo.
Sendo assim, quando há uma insuficiência da valva, o sangue retorna do ventrículo para o átrio, prejudicando a distribuição sanguínea aos pulmões ou ao corpo de maneira geral.
A maior consequência disso é que em resposta a esse problema o coração sofre com uma hipertrofia ou, então, com uma dilatação.
Isso tem o intuito de bombear uma maior quantidade de sangue como forma de tentar minimizar os problemas relacionados a essa insuficiência.
Durante algum tempo pode ser que os sinais da doença fiquem camuflados, mas depois de algum período o problema se manifesta.
Entendendo o problema
Cachorro Com torção Gástrica no Veterinário Foto: Freepik
De maneira geral, as cardiopatias congênitas são consideradas como sendo defeitos que surgem basicamente na morfologia do coração ou dos vasos.
Nesse caso, o problema surge durante a fase embrionária e, por isso, o indivíduo já apresenta a doença desde o nascimento.
Na clínica veterinária os casos de cardiopatias não são tão frequentes assim, mas geram muitas mortes durante o primeiro ano da vida do cão.
As doenças cardíacas mais comuns em cães são a estenose subaórtica, a estenose pulmonar e a persistência do ducto arterioso.
A displasia tricúspide em cães, por sua vez, aparece em sexto lugar em relação à frequência de casos.
A melhor maneira de se descrever esta doença é como sendo um conjunto de alterações na valva atrioventricular do lado direito, conhecida também como válvula tricúspide.
Isso costuma ter como características principais o espessamento difuso ou localizado dos folhetos, separação incompleta dos componentes valvulares, além de subdesenvolvimento das cordas tendíneas e dos músculos papilares.
A displasia tricúspide em cães pode ocorrer ainda juntamente com um quadro de inserção mais baixa do aparelho valvar, o que pode ser chamado também de “Anomalia de Ebstein”
Por que a malformação é um grande problema?
Algumas pessoas imaginam que a malformação da válvula é algo simples e bem pequeno, mas a verdade é que existem várias repercussões no organismo.
Isso principalmente quando se considera problemas hemodinâmicos, como é o caso da regurgitação valvular.
Nesse caso, o que acontece basicamente é um aumento no volume das câmaras cardíacas de ambos os lados, como uma maneira de responder à sobrecarga sofrida pelo organismo.
As consequências mais graves que se pode observar são a hipertensão venosa sistêmica e insuficiência cardíaca congestiva.
Ainda que o problema possa acometer até mesmo os felinos e os cães de qualquer raça, a condição é mais frequente em cães de porte grande, como o Labrador Retriever, Golden Retriever, Pastor Alemão, Setter Irlandês e Boxer.
Olhando ainda mais especificamente para esse grupo de raças, é possível perceber que o labrador apresenta índices ainda mais altos de ocorrência do problem.
É importantíssimo buscar reconhecer os sinais mais claros do problema, que variam bastante de acordo com o quadro em cada caso.
É possível que no início da doença o animal não apresente sinais claros. É frequente que os pets demonstrem apenas uma intolerância aos exercícios físicos inicialmente.
No entanto, com o tempo há uma mudança nessa lógica e, fica cada vez mais fácil perceber o excesso de fadiga, dispneia, edemas de membros, dispneia, anorexia e caquexia cardíaca.
Inicialmente, o diagnóstico é feito observando-se cuidadosamente o animal e, analisando os resultados de exames complementares solicitados.
A solicitação de um eletrocardiograma é capaz de indicar quando algo não vai bem com a saúde do coração do animalzinho.
De qualquer maneira, os tratamentos básicos nesse caso envolvem medicamentos usados na terapia da insuficiência cardíaca congestiva, medicações antiarrítmicas (em caso de arritmias), toracocentese, paracentese (em caso de efusões) e cirurgias de reconstrução.
A escolha de uma forma de tratamento depende diretamente do tipo de manifestação e dos sinais clínicos encontrados.
O que é displasia da válvula tricúspide (TVD), afinal?
Cachorro com sintomas de indigestão na grama Foto: Freepik
A displasia da válvula tricúspide em cães representa uma doença de origem genética, ou seja, é hereditária.
Relativamente incomum dentro da clínica veterinária, ela representa mais ou menos 7% de todos os casos de doenças cardíacas.
Essa condição de saúde está relacionada a uma malformação da própria válvula tricúspide em si, ou a estruturas relacionadas a ela e que auxiliam na sua abertura e fechamento.
Dessa forma, acontece o fechamento incompleto dessa estrutura, possibilitando que o sangue retorne ao átrio.
Quanto mais grave for essa anomalia no fechamento da válvula, mais sangue retorna. Isso leva o coração a aumentar significativamente de tamanho.
Conforme o lado direito do coração aumenta em tamanho, é possível que haja uma insuficiência congestiva.
Nesse caso, é comum perceber o acumulo de fluidos, seja na cavidade abdominal ou torácica.
Como é o diagnóstico da displasia tricúspide em cães?
Cão no veterinário – Foto: Freepik
Antes de mais nada, assim como acontece com qualquer outro problema de saúde, o primeiro passo para o diagnóstico é verificar as condições de saúde do animal.
Durante o exame clínico, o médico veterinário deverá fazer uma análise detalhada do estado de saúde do pet, associando os achados clínicos com as queixas do próprio tutor.
Além dos exames físicos, um raio X também pode ser indicativo da malformação. Entretanto, nos casos em que se desconfia do problema, deve-se buscar por ainda mais indícios e solicitar ainda mais exames.
Comumente, logo na primeira consulta de rotina de um filhote, já se percebe um sopro cardíaco, sendo essa uma forte indicação de que há algo de errado com o pet.
Entretanto, dependendo do animal, a condição pode ficar desapercebida e, ser diagnosticada definitivamente apenas quando o cachorro desenvolve um quadro de arritmia ou, ainda, uma insuficiência cardíaca que seja mais evidente.
Importância do eco cardiograma nesses casos
Cão com uma plaquinha de coração – Foto: Freepik
Entre os principais exames que existem para o diagnóstico da displasia tricúspide, deve-se enfatizar o eco cardiograma.
Este exame é como de fosse um ultrassom do coração, devendo ser realizado por um profissional habilitado a fazer isso.
Tal exame não apenas permite perceber se o defeito está ou não presente, como também possibilita a identificação da gravidade na maioria dos casos.
Por meio do eco cardiograma, o profissional consegue determinar qual é o grau de alargamento das câmaras cardíacas, além de possibilitar a detecção de problemas secundários.
É possível tratar a displasia tricúspide em cães?
Veterinária examinando o cachorro – Foto: Freepik
Com os avanços na medicina veterinária, cada vez mais surgem alternativas de tratamentos bastante eficientes para os mais diferentes tipos de problemas.
Isso inclui o tratamento para displasia tricúspide em cães. Apesar disso, é praticamente um consenso que não se deve instituir um tratamento específico até que haja um aumento significativo das câmaras cardíacas.
Por mais que não exista nenhum fármaco que reverta o quadro, a terapia médica é usada com frequência para melhorar a qualidade de vida dos pets.
Pontos importantes a se considerar é que a terapia retarda o inicio de um quadro de insuficiência, além de controlar o acúmulo de líquidos.
Nos casos em que o acumulo de líquidos na cavidade abdominal dor muito grande, é possível eliminar o excesso por meio de um procedimento simples.
Isso ajuda em muito a identificar e melhorar os sinais que acompanham uma distensão abdominal.
O prognóstico para a displasia tricúspide em cães é bom?
Muitas pessoas se questionam sobre qual é o prognóstico para os cães portadores da displasia tricúspide em cães.
Quando o diagnóstico é feito precocemente e, há a condução de um tratamento adequado, o cão pode levar uma vida normal.
Normalmente, os animais acometidos com a doença desenvolvem um quadro de insuficiência cardíaca congestiva logo nos primeiros anos de vida.
Ainda que isso possa preocupar aos tutores, quando é feito o manejo adequado, é possível permitir que o animal viva de maneira saudável por muitos meses e, até mesmo anos após os primeiros sinais.
Isso é possível principalmente por conta dos avanços nas terapias medicamentosas ocorrido nos últimos tempos.
Displasia tricúspide – Insuficiência da válvula mitral
Da mesma maneira como pode ocorrer a displasia tricúspide em cães, existe também a insuficiência da válvula bicúspide, ou mitral.
Se anteriormente foi falado sobre uma condição que acomete o lado direito, agora você verá uma relacionada ao lado esquerdo do coração.
A condição, chamada também de degeneração mixomatosa da válvula mitral, é bem mais comum nos animais adultos e idosos de raças de pequeno e médio porte.
Entre as raças mais predispostas a esse tipo de caso, pode-se citar: Cocker Spaniel, Chihuaua, Poodle Miniatura, Pinscher, Fox Terriers, Boston Terriers e Schnauzers Miniatura.
Além disso, de acordo com a descrição de casos conhecidos, percebe-se que os machos chegam a ser até 50% mais predispostos a desenvolverem o problema do que as fêmeas.
Esta é considerada uma condição grave, que impede o animal de levar uma vida normal, uma vez que ele não consegue se exercitar e locomover adequadamente.
Ademais, é bem comum notar o aparecimento de tosse persistente e até mesmo edema pulmonar.
Conclusão
A displasia tricúspide em cães é uma doença grave, que compromete a vida dos cães. Por isso, é importante ficar sempre atento ao seu animalzinho e os sinais que possa surgir e buscar ajuda especializada.
O post Displasia tricúspide em cães: causas, sintomas e terapia apareceu primeiro em Portal do Dog - Para quem ama cachorros!.
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