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Adestramento dos cães guia: Como é feito?

O treinamento e adestramento dos cães guia é algo incrível, que visa tornar esses animais aptos a ajudarem deficientes visuais.

Esse é um trabalho minucioso, que exige muita técnica, atenção e conhecimento por parte de quem o realiza.

São várias etapas e, a formação do animal leva bastante tempo. Tudo isso até que ele esteja definitivamente pronto a acompanhar o seu novo tutor e ajuda-lo.

Você tem curiosidade para saber como é o adestramento dos cães guia? Então continue lendo este texto para saber mais sobre isso.

Fases do adestramento de cães guia

cão-guia é indicado somente para deficientes visuais

Cão guia deitado no gramado. Foto: Freepik

Antes de mais nada, para falar sobre o adestramento de cães guia, deve-se dizer que ele é composto por algumas etapas que são muito importantes.

A primeira delas diz respeito à seleção dos animais. O que é feito tanto com base em características genéticas dos cachorros, quanto comportamentais.

A análise do comportamento é feita pela observação dos filhotinhos durante as suas oito primeiras semanas de vida.

Nesse período é possível identificar quais são os cães mais saudáveis, com temperamento mais estável e adequado e, também quais deles possuem espírito de liderança.

Antes de chegar à fase do treinamento, propriamente dito, os animais selecionados passam por um processo de socialização.

Então, existem famílias que se voluntariam para receber o pet durante o período em que ele terá essa educação inicial.

Então, a segunda etapa consiste no acolhimento familiar, que deve ocorrer mais ou menos aos três meses de vida do filhote.

Essa etapa dura entre um ano e um ano e três meses. Nesse tempo a família fica encarregada de levar o pet a todos os tipos de ambientes onde haja intensa movimentação de pessoas.

Isso inclui shoppings, transporte público, parques, escritórios, entre outros. Isso serve para que o animal tenha contato com a sociedade, se familiarizando ao que acontece nela.

O cão vai se adaptar às mais diferentes situações do dia a dia, inclusive a sons altos e movimentação de veículos, pessoas e outros animais.

É interessante dizer aqui que não existe um perfil padrão para as famílias que acolhem os animais.

Podem ser casais, pessoas solteiras, famílias com crianças pequenas, entre outros, O importante é a disposição para levar o animal a todos os lugares.

Passado o período de mais ou menos um ano, o cachorro retorna ao seu treinamento.

A fase de treinamento dos cães guia

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O reforço positivo é muito utilizado no adestramento de cães (Imagem: CanineMinded)

Passada a fase de socialização, o animal vai para o treinamento propriamente dito. Essa é uma etapa mais intensiva, na qual os treinamentos são diários.

Em um período que varia de três a cinco meses, os animais aprendem muitas novas coisas todos os dias.

Para isso, os treinos são realizados por profissionais especializados em formar cães guia. Vale salientar que essa é uma formação bem específica e, existem poucos profissionais aptos.

Nesse período o cachorro recebe instruções importantíssimas para guiar um deficiente visual no dia a dia.

Essas atribuições incluem, por exemplo:

  • Desviar de obstáculos;
  • Identificar degraus;
  • Parar em guias.

E mais importante do que simplesmente aprender a fazer tudo isso, o animal deve se acostumar com todas as dificuldades relacionadas à rotina, mantendo assim o foco.

Conforme vai aprendendo coisas novas, o animal vai chegando mais perto de se tornar um cão guia propriamente dito.

Em um determinado momento, ele passa a usar o colete especial. Ele possui uma alça rígida, por meio da qual o tutor vai orientar o animal em relação aos comandos.

O cão deve entender que quando está vestindo o colete, está trabalhando e deve se manter bem focado.

E é somente quanto o tutor remove o acessório que o animal está liberado das suas funções e pode ter os seus comportamentos normais de cachorro.

Escolha do tutor faz parte do processo

Cão guia

Cão guia – Foto: Freepik

Antes de a fase de treinamento intensivo terminar, existe uma outra etapa na qual começa a seleção do futuro tutor do animal.

Por mais que isso possa parecer secundário, é importantíssimo. Afinal de contas, deve haver uma relação de confiança e parceria entre animal e tutor.

Sendo assim, a personalidade e, principais características comportamentais de ambos devem ser complementares, de modo que eles possam conviver em plena harmonia.

Cada cão é então indicado para uma pessoa, sempre respeitando essa análise extremamente criteriosa.

Para que isso tudo seja possível, cada pessoa interessada em ter um cão guia passa por uma entrevista que contribui para definir um perfil específico, possibilitando a escolha de um cão que tenha tudo a ver com esse estilo de vida.

Terminado o treinamento intensivo, o animal vai para a última etapa, que é a adaptação ao novo tutor.

Essa etapa é denominada justamente de processo de transferência, no qual o tutor e o animal são treinados conjuntamente para que aprendam a conviver em dupla.

Nesse período é importante que haja uma padronização entre o ritmo e a forma de agir de ambos.

O aprendizado aqui segue uma via de mão dupla. Ou seja, enquanto o cachorro aprende os devidos comandos, o tutor vai se acostumando a interpretar os sinais corporais dados a ele pelo animal.

Depois dessa fase, os dois vão seguir com a sua rotina e, continuam sempre aprendendo mais. E por mais que vivam sozinhos, o acompanhamento periódico continua.

Qual é a origem dos cães guia?

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Homem cego caminhando na rua com o seu cão-guia. Foto: Freepik

Os primeiros cães guia datam de um período do pós Primeira Guerra Mundial. Nessa época o estado liberou verba para que cães da raça Pastor Alemão recebessem treinamento específico para acompanhar ex combatentes que haviam perdido a visão na guerra.

Naquela época a raça já era bastante popular por conta das suas características que incluíam uma altíssima inteligência e, também por conta da resistência física.

Com o tempo o Pastor Alemão passou a ser substituído por raças com aspecto mais amigável e personalidade mais equilibrada, como o Labrador e Golden Retriever.

Por mais que o cão pastor seja muito fiel ao tutor, o treinamento de socialização costuma levar mais tempo.

Além disso, a própria população em geral já tem a ideia de que o Pastor Alemão é um cão de guarda, o que gera um pouco de intimidação.

Com as duas raças usadas atualmente isso não acontece, o que facilita bastante todas as etapas de adestramento de cães guia.

A raça é determinante para os cães guia?

cão-guia é indicado somente para deficientes visuais

Mulher cega com o seu cão-guia. Foto: Freepik

Como já foi dito, existe um padrão de personalidade que é bastante desejável para que os animais possam passar pelo adestramento de cães guia.

Diante dessa questão sobre a personalidade, a raça passa a ser vista sim como uma questão bem importante para a escolha do animal.

Hoje em dia recomenda-se que os cães guia sejam de raças como Labrador, Golden Retriever, Pastor Alemão, Boxer e Collie por conta disso.

Entretanto, esse não é o único ponto que se deve considerar, uma vez que até mesmo dentro de uma mesma raça existem variações de personalidade entre os indivíduos em si.

Mesmo que a raça seja de porte grande e, tenha uma doçura característica, é preciso observar como cada animal reage às diferentes situações impostas a ele.

Inteligência, foco e obediência são os principais atributos de um cão guia. Afinal de contas, esses animais vão frequentar todos os lugares onde os seus tutores forem e, devem saber se comportar nessas situações.

Principais comandos do adestramento de cães guia

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Golden Retriever – Foto: Freepik

O treinamento dos cães guia é bastante complexo, mas existem comandos que são essenciais para a formação desses animais.

O cão deve aprender como reagir adequadamente a diferentes sons, mudanças climáticas e ambientes.

É importantíssimo que o animal possa conduzir o seu tutor por todos os lugares sem se distrair em relação aos seus objetivos.

Para isso, ele deve ser muito bem treinado para se manter tranquilo e conseguir realizar o seu trabalho de maneira adequada.

Tudo isso está relacionado essencialmente a quatro questões básicas e, a seguir falaremos um pouquinho sobre cada uma delas.

Como andar

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Deficiente visual caminhando com o seu cão-guia no parque. Foto: Freepik

Qualquer cão guia deve ter uma boa noção sobre como deve andar, de modo que possa entrar em perfeita sincronia com o deficiente visual.

O ideal é que o animal saiba como se manter parado quando necessário, uma vez que em diferentes momentos o cão precisa saber ficar em pé junto ao tutor.

Além disso, o animal precisa caminhar sempre em linha reta, evitando assim trombar com o tutor.

O ideal é que o cão aprenda como caminhar sempre ao lado esquerdo do seu dono e, um pouco à frente dele.

Duração de uma ação

Um dos pontos fundamentais quando se fala em cão guia, é que o animal e o tutor devem entrar em sintonia.

Isso é essencial para que o deficiente visual possa se movimentar sem medo e, ao mesmo tempo, que o cão saiba o que deve fazer.

Subir ou descer uma escada, por exemplo, é uma situação que exige muita habilidade por parte do animal e do seu dono.

É preciso começar descer ou subir as escadas lentamente, em harmonia e, no mesmo ritmo. O cão não deve jamais pular degraus, pois isso seria perigoso para a dupla.

Isso vale para tudo. É importante que o ritmo entre o dono e o seu cão seja bem determinado para que eles caminhem sempre juntos e sem maiores problemas.

Noção Espacial

A noção espacial é mais um dos principais conceitos que um cão guia deve aprender ao longo da sua formação.

É importantíssimo, por exemplo, que os animais saibam que devem andar no meio da calçada, evitando que o tutor caia da guia ou colida contra muros.

Além disso, o cão precisa aprender corretamente como desviar dos principais obstáculos que possa encontrar pelo caminho.

Buracos e postes, por exemplo devem ser evitados. Mas para fazer isso, ele deve passar sempre pela parte de dentro.

E, obviamente, o cão só deve conduzir o seu tutor por locais onde os dois consigam passar simultaneamente.

Atravessar ruas é fundamental

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Vetor de deficiente visual atravessando a rua com a ajuda do cão-guia. Foto: Freepik

Para a segurança da dupla, o cão guia deve aprender a conduzir o seu dono apenas a passar pelas faixas de pedestres.

Como existem locais onde não existem faixas, o animal também precisa aprender a observar e ouvir os carros, conduzindo o seu tutor sempre em uma travessia segura.

Principais perguntas e respostas sobre cães guia

Os cães guia possuem um papel fundamental em relação aos deficientes visuais, uma vez que possibilitam um pouco de autonomia na rotina desses indivíduos.

Nas não é apenas na independência e mobilidade que eles influenciam. Também conseguem melhorar em muito a autoestima e, melhorar bastante a qualidade de vida dos indivíduos.

Por isso, esses animais são tão incríveis. E é comum que existam muitas dúvidas sobre eles. Então, falaremos a seguir sobre as principais.

Por que os cães guia são tão importantes?

Os cães guia são incríveis e, fazem toda a diferença na melhora da qualidade de vida dos deficientes visuais.

Infelizmente, no Brasil o adestramento de cães guia não é muito comum e, existem pouquíssimos desses animais no país.

Esses animais são treinados para auxiliarem o dono em atividades simples, mas de extrema importância, como preparo de uma refeição, por exemplo.

Na locomoção o cachorro também consegue proporcionar muito mais segurança ao deficiente visual, que ganha liberdade para ir para praticamente qualquer lugar.

Tudo isso leva a uma maior interação social, de modo que o deficiente visual se sente realmente introduzido no ambiente.

Isso leva a um enorme ganho de autoestima, fazendo com que essas pessoas se sintam capazes de cuidarem de si mesmos.

Direitos e obrigações dos cães guia

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Deficiente visual sentado em banco com cão guia Foto: Freepik

O adestramento de cães guia é bem complexo e, ao final dele o animal estará pronto para prestar seus serviços junto ao tutor.

Mas deve-se perceber que esta é uma grande responsabilidade. Afinal de contas, o cão guia pode colocar o seu dono em risco se não reagir adequadamente a certas situações.

Além de ser treinado para obedecer e ajudar, o cão guia também deve ter uma noção clara sobre quando deve desobedecer.

Ou seja, caso o seu tutor solicite algo que colocará a dupla em risco, é preciso que o cão se negue a realizar.

O cão guia é importantíssimo para o deficiente visual. Mas ele também tem os seus direitos. Dessa forma, todo animalzinho deve ser bem cuidado e, ter momentos de lazer.

Comida de qualidade, um lugar para descansar, muito carinho e atenção estão entre as coisas a que um cão guia tem direito.

Quem pode ter um cão guia

O adestramento de cães guia é voltado para o treinamento dos animais para ajudarem deficientes visuais.

Sendo assim, o cão guia é indicado para pessoas legalmente cegas, que estejam em busca da sua independência, conseguindo realizar atividades cotidiana sem auxilio de outras pessoas.

No que diz respeito à legislação, são consideradas legalmente cegas as pessoas que tenham capacidade visual menor do que 0,3 e maior ou igual a 0,05 no melhor olho, mesmo com o uso de óculos ou lente de contato.

Algumas exigências em relação ao cão guia é que para ter um, o deficiente visual deve ter a saúde física e psicológica em dia.

Além disso, o tutor deve ter cursado o ensino médio e, ter condições financeiras e estruturais para manter o cão de maneira adequada.

Os cães guia se aposentam?

Assim como acontece com qualquer espécie animal, conforme os cães envelhecem, começam a perder algumas das suas capacidades cognitivas.

Com o tempo, esses animais começam a ter dificuldades até mesmo para desempenharem as atividades mais simples.

Os animais idosos perdem progressivamente a visão e a audição e, isso é extremamente relevante no caso dos cães guia.

Sendo assim, a aposentadoria do animal depende muito do seu estado geral de saúde, mas na maioria dos casos esses cães se aposentam entre os 8 e os 10 anos de idade.

Após a aposentadoria o animal pode continuar vivendo com o seu tutor ou, ser adotado por pessoas que sejam conhecidas dele.

Como é a identificação dos cães guia?

Para que o cão guia possa fazer o seu trabalho, ele deve estar devidamente identificado. Isso é feito com uso de coleira e peitoral. Os acessórios são próprios e, são os mesmos que ajudam o tutor a conduzir o cão.

Mas se você quiser identificar um cão guia, além de observar esses detalhes, dê uma olhada na maneira como ele se porta com o tutor.

Por convenção, o animal sempre deve estar ao lado esquerdo do seu dono e, um pouquinho à frente.

Sendo assim, se por acaso você precisar conversar com o dono do animal, procure ir pelo lado direito.

O cão guia também não deve nunca se distrair das suas funções. Por isso, as pessoas jamais devem tentar brincar ou oferecer alimentos enquanto o animal estiver trabalhando.

Os cães guia podem viajar de avião?

Sim, por lei os cães guia podem acompanhar o tutor em todos os lugares e, isso inclui aviões. Por isso, a viagem desses animais não pode nem mesmo ser cobrada.

No entanto, é muito importante ter atenção às regras que existem para os animais no local de destino e, também às normas da companhia aérea.

Existem documentações específicas que podem ser solicitadas e, é preciso que tudo esteja em ordem.

É importante também avisar a companhia aérea sobre o embarque do cão guia. E dentro do avião, o animal deve estar no chão, ao lado do tutor. E a sua coleira de identificação é obrigatória.

Curiosidades sobre os cães guia

O adestramento de cães guia é algo verdadeiramente incrível. Isso porque esses animais são selecionados ainda no início de suas vidas e, começam a aprender coisas bastante complexas.

Eles devem desenvolver habilidades especiais para que possam carregar a responsabilidade de orientar os deficientes visuais em diferentes tarefas do seu dia a dia.

Para terminar esse texto especial sobre esse tema, acompanhe algumas curiosidades bem interessantes sobre esses cães.

Os cães guia podem brincar?

Sim. Assim como outros animais os cães guia adoram se divertir e brincar. Inclusive, isso deve ser visto um direito dele.

No entanto, o cão só pode brincar quando não está trabalhando. Ou seja, quando não está usando a sua guia de identificação.

Sendo assim por mais fofinhos e dóceis que esses cães sejam, as pessoas devem respeitar os animais quando estão guiando o tutor.

Brincar com o animal ou oferecer algum alimento a ele pode fazer com que se distraia e, isso pode colocar a vida do cão e do seu tutor em risco.

Se você tiver dúvida, pode perguntar para o dono do cão qual é o melhor momento para brincar.

A entrada de um cão guia jamais pode ser proibida

De acordo com a Lei n° 11.126 de 2005, nada nem ninguém, pode impedir a entrada de um cão guia a nenhum lugar.

A pessoa deficiente visual que tenha um cão desses tem o direito de levar o animal consigo para qualquer lugar, incluindo metro, taxi, ônibus, supermercados, entre outros.

Não são todas as pessoas que se adaptam com um cão guia

Na maioria dos casos, os cães guia conseguem transformar a vida de um deficiente visual para melhor.

No entanto, nem todas as pessoas conseguem se adaptar a esses animais. Alguns deficientes visuais ficam ainda mais inseguros quando estão com cão.

Muitas dessas pessoas acabam fazendo as suas tarefas diárias de maneira bem mais simples e adequada usando uma bengala.

Qual é o preço de um cão guia?

O adestramento de cães guia é algo bastante complexo, que requer muita técnica e demanda tempo.

Por isso, o custo de tudo isso acaba sendo muito elevado. Então, para ter um cão treinado é preciso gastar em torno de R$40 mil. E o tempo de espera para receber o animal pode chegar a três anos.

Conclusão

Como você pode perceber, o adestramento de um cão guia é bastante complexo, uma vez que esses animais possuem enormes responsabilidades em relação ao tutor.

No entanto, não se deve jamais esquecer que o animal é um cachorro como outro qualquer e, merece respeito, atenção e carinho.

Por isso, todas as suas necessidades devem ser levadas em consideração ao longo da vida do animal.

Isso é importantíssimo para que depois de passar pelo adestramento de cães guia o animal e seu tutor possam viver em harmonia e ter uma excelente parceria.

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Data: 
06 de Outubro de 2022

Autor

Autor: 
Handreza Hayran